7 músicas que mudaram a química do meu cérebro
Se você achou que eu não ia falar de música nessa newsletter, achou erradíssimo.
Quem me conhece sabe que eu sou uma pessoa muito musical, amo passar o dia ouvindo várias e várias músicas. E esses dias cá estava eu pensando pensamentos no meu banho, ouvindo a hinário icônico 4:44, do Jay-Z, e pensei o quanto algumas músicas literalmente tocaram minha alma e me fizeram uma pessoa melhor.
Então aqui estou para compartilhar essa lista de músicas que me fazem chorar, pensar, rir e tantas outras emoções. Quem sabe eu também mudo sua vida com minhas sugestões? De nada…
Ps.: A ordem das músicas não são por preferência, amo todas igualmente e ouço cada uma delas em uma fase da minha vida.
1. The Story of O.J by Jay-Z
Todo esse álbum mexe comigo de uma forma muito louca, talvez porque ele seja muito raw (desculpem o estrangerismo, mas não sei uma palavra em português que se adeque aqui) e intenso, com toda a história que nós já conhecemos. Mas sinto que esse foi o melhor álbum de despedida da história do rap. O Jay-Z conseguiu sintetizar todas as dores, fantasmas e perspectivas como um homem preto, em letras reflexivas e uma produção impecável.
Eu fiquei muito dividida entre colocar 4:44 ou The Story of O.J., porque ambas tratam de sentimentos e percepções que podemos nos relacionar, principalmente, pessoas pretas. No entanto, elas trazem perspectivas completamente diferentes. Acho que The Story of O.J. me ensinou muito sobre negritude, sobre enxergar seu futuro com ambição e se ver como uma pessoa grande.
Enquanto que 4:44 me mostrou como é difícil receber amor quando você nunca vivenciou esse sentimento com pureza em toda sua vida. E como a gente pode facilmente cair em padrões tóxicos, sem nem perceber. Falei sobre isso nessa edição aqui.
2. Última Vez by Rico Dalasam
A real é que DDGA me curou de muitas formas desde o seu lançamento lá na pandemia, acho que devo ter ouvido todas as faixas por dias. Mas Última Vez me pegou de uma maneira particular. Me lembro do momento que meu cérebro fez conexões novas ouvindo essa música, foi no meu primeiro show pós-Covid com uma luz linda sob o Rico.
Essa música ensinou uma nova maneira de olhar para mim e impor meus limites, respeitando minhas vontades e me valorizando, de verdade. Foi depois dela que consegui terminar ciclos viciosos nas minhas relações. Realmente, foi uma música life changing.
Menção honrosa a Supstah, que me emociona de uma maneira peculiar pela sua beleza e cadência leve.
3. It Gets Better (With Time) by The Internet
Por muito tempo, essa foi a música que me acalmava durante minhas crises de ansiedade. Eu ainda sinto arrepios todas vezes que ouço os primeiros acordes e a voz de veludo da Syd me pergunta “Is something wrong?”, putz, aqui caem as lágrimas — Obrigada, Syd, por ser uma amiga. Mas essa foi uma das músicas que me fizeram virar fã os Interneteiros (sigo na esperança de um novo álbum).
Mas essa música realmente tem um Xanax incorporado, um bálsamo para minha alma, porque ela sempre fala tudo que preciso ouvir nos meus momentos mais frágeis. Eu realmente precisava que alguém me dissesse “Melhora com um tempo, mona”. Inclusive tem uma frase dessa canção incrível que ainda vai estar tatuada em minha pele. Sei lá, só ouve e fica bem.
4. Se Eu Morresse Hoje by Amiri
Se Eu Morresse Hoje foi uma música que inspirou o nome de uma das nossas edições (Tô cansada e cansada de estar cansada) e nossa, que música indescritível de linda. Ela é a tradução mais pura e sensível de quando simplesmente, não podemos mais, não dá. Não tem mais força para seguir em frente, ela fala muito de saúde mental. Toda essa construção lírica me quebra em pedacinhos, todas vezes que escuto.
Acho que essa é uma letra tão honesta, porque fala do nosso literal medo de onde a vida vai nos levar e como a gente pode tomar as rédeas dos nossos desejos e objetivos, e nada material aqui, mas sim, como que a gente quer envelhecer mesmo. Quando Amiri fala: “Ou eu chamo o mundo para o 1 on 1 ou deixo no repeat A Change Is Gonna Come” sintetiza exatamente esse pensamento.
Essa é uma das composições mais lindas do rap nacional, segundo a crítica musical Nalu Pinheiro aka euzinha.
3. Roots by Aminé
E para incrementar a lista de álbuns que mudaram minha vida, Limbo tá no top 3. Que saudades dessa fase do Adam, que colocava tantos pensamentos que a gente também tem bem lá no fundo. Acho que ela conversa muito com a ideia que Se Eu Morresse Hoje também traz, que é essa incerteza do amanhã. Mas Roots também traz aquela certeza de saber quais são suas raízes e reforçar o quanto são elas que te sustentam.
Em outro trecho, Charlie Wilson canta: “They ripped my petals to my six, ‘cause my roots won’t die”, eu realmente interpreto como o peso e a pressão de ser alguém, e ainda lidar com ideias negativas e inveja do que nem você sabe de outras pessoas.
O choro / súplica no fim com “Let me grow” sempre me emociona, porque para mim, essa música é isso uma oração para continuar trilhando seu caminho sendo quem você, unapologetic. Sabendo quem você, de onde você veio e que você sempre tem para onde voltar. Mesmo que todas suas folhas sejam arrancadas, você ainda vai crescer maior e mais forte.
6. Keep Trying by Terrell Grice & Kim Cruise
Se você não faz ideia de quem é Terrell Grice ou Kim Cruise, essa é uma excelente porta de entrada, você não vai se arrepender. Esse álbum colaborativo tem várias preciosidades que valem muito a pena.
Mas essa é minha música para quando as coisas estão dando errado e como uma boa ex-crente, mas sempre temente a Deus, gosto que lembrar que as coisas que são minhas já estão separadas para mim, então o que eu perdi realmente não era o melhor. Keep Trying é um lembrete para mim que não posso parar porque o que é meu, me espera. Afinal, “What you lost won’t be the best, more is waiting for you at the end of your test”.
7. How Did You Get Here by Little Simz
Sobre ser uma mulher preta na sociedade, essa foi a primeira coisa que essa música me passou na mente quando ouvi essa música. Talvez tenha sido no trecho: “Nothing in life comes easy, and you work twice as hard 'cause you black”. Mas ela sintetiza tanto essa agonia que sentimos quando a gente não tem a possibilidade de ser medíocre em nada que fazemos.
Essa música para mim não é sobre um questionamento de como você chegou aonde está e sim, para nos ajudar a lembrar toda nossa trajetória, nos parabenizar pelas nossas conquistas e grande ou pequenas vitórias. Um lembrete de como somos fortes, como nossa eu do passado estaria orgulhosa e que ainda temos um caminho para ir, mas se apegar nessas pequenas lembranças nos fortalecem, a nossa intuição e na certeza do nosso talento. É meio que entender seu propósito nesse mundo e seguir firme.
Enfim, uma música linda de uma artista incrível.
E na moral? Todo esse álbum merece uma boa escuta, com muita atenção para pegar essas pequenas nuances que a Little Simz transmite.
Depois que terminei essa lista notei que só tem artistas pretos, acho que não é à toa, né? Nos relacionamos com aquilo que se conecta com nossa própria vivência. Enjoy those masterpieces, honey bear.
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O fim de maio e começo de junho foram intensos 😪. Tô numa pegada de afirmar minha vitória na mudança e seguir estudando essa coisa de estar longe e quem dominou minhas horas livres foi ele, Duncan Mackinder.
Gosto muito da leveza e honestidade que o Dunkinha traz nas suas experiências como imigrante. Além de rir para caralho quando estou assistindo ele, então suavizou para esse processo intenso que estou passando agora. Abaixo, meu vídeo favorito dele atualmente, aproveitem!
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