Nós mulheres que amamos um livro de romance
Chegar a fase adulta com um Goodreads como o meu pode ser um tabu para os outros.
Olá, meus amados fofoqueiros, vamos ler hoje?
Depois de ouvir um episódio de Gostosas Também Choram, fiquei pensando na minha vergonha de falar da minha lista de livros lidos no ano. E por quê? O quê que tem de vergonhoso em ler alguns livros açucarados? É óbvio que amo ler livros substanciais, ler Neusa Santos Souza ou Lélia Gonzalez. Mas também amo descobrir e viver, por alguns momentos, novas histórias de amor. Bem escritas, de preferência.
Meu recorde de livros lidos em 365 dias, ou um ano — se quiser chamar assim, é de 55 livros. Eu tinha 16 anos, muito tempo livre e todos eles eram romances, dos mais bobos aos mais elaborados.
Eu comecei a ler e escrever histórias logo que consegui aprimorar essas habilidades na infância. Lembro que para mim, lá no começo, na época que o Twitter não aguentava muitos usuários, eu usava aquele site como o meu Wattpad. Bons tempos aquele, sem todo o drama.
Meu primeiro livro sério, sem ser as historinhas infantis, foi o clássico entre as adolescentes de 2010, o Diário de Um Vampiro, volume 1. Foi um impacto ler um romance daquele aos meus 11 anos, mexeu com toda química do meu cérebro.
Claro, vamos incluir nessa lista Diários de Uma Garota Nada Popular que me fez entender a adolescência de um jeito diferente. Foi a primeira série que eu li completa, e foi tão bom, são lindas memórias. E aparentemente, eu amava diários haha.
Acho que meu receio de ser julgada pelo que estou lendo começou dos próprios romances que eu lia, seja em livros ou nas milhares fanfics que li. Neles, a personagem sempre era muito inteligente e lia livros muito cabeça, aquela clássica cena da menina nerd no show da boyband lendo na primeira fileira. Isso unido ao currículo literário obrigatório do ensino médio construiu um constrangimento no meu âmago de gostar de ler romances bobos.
Isso só piorou quando entrei na faculdade de jornalismo, porque é ai que você começa a ler Bauman, Sartre e muitos outros autores que escrevem livros densos, que demoram para serem digeridos. Tão difíceis que depois que a faculdade terminou e tive que ler infinitos livros reportagem (que são bons demais, apenas um adendo) e escrever o meu, fiquei dois anos sem ler um livro inteiro.
E não me entendam mal, eu gosto muito de livros cabeça, me encanta aprender sobre novos assuntos e depois esbanjar esses conhecimentos descaralhadamente. É realmente satisfatório. Mas não podemos negar que é difícil encontrar 100% de prazer nessa leitura, quando você foi criada em fanfics. Também amei ler George Orwell, Jorge Amado e Aldous Huxley, entendi muito sobre sociedade com esses enredos, mas demorei meses para acabá-los. MESES.
Li um romance em um dia aos meus 14 anos e esse foi o auge das minhas férias e hoje leio um romance em uma semana, trabalhando 44 horas dela, então vamos pesar essas gratificações.
Apesar de ter todos esses conhecimentos úteis de literaturas, que chamarei de sérias nessa newsletter, não posso negar que foram os romances considerados bobinhos e adolescentes que me ajudaram a melhorar meu inglês 100%. Agora abrindo uma enorme intimidade, que me envergonho, Grey da E.L. James foi o primeiro livro que li em inglês e terminei me sentido tão orgulhosa por ter entendido 30% da história. Eu jamais teria a capacidade de ler Orwell em inglês como li esse romance.
O ponto desse texto é dizer queria parar de ter vergonha de 80% das minhas leituras anuais no Goodreads serem romances, que sim tem sexo, drama (MUITO) e enredos óbvios (ou nem tanto). Quero parar de julgar avidamente quem lê os livros de romance independentes, mesmo sendo um enredo péssimo. Quero poder dizer que li Coleen Hoover e Megan Quinn sem me sentir menos inteligente e interessante por isso. Assim como quero ler biografias e livros documentais, no meu tempo.
Homens não são julgados por lerem animes aos 30 anos de idade, porque eu tenho que ser? Até porque, desde quando suas leituras medem inteligência, não é mesmo queridos?
Acho que quero escrever um livro
Já disse que fui uma adolescente muito previsível e criativa. Durante meus anos de directioner, escrevi duas fanfics (particularmente, muito boas, okay?) e eu gostava muito dessa coisa de escrever histórias e viver vidas por meio da minha imaginação. E o mais legal era ver outras pessoas lendo o que eu criava.
Lembrando disso durante um banho terapêutico, pensei que eu gostaria de voltar a escrever e me jogar em novas narrativas. Depois de ler alguns livros muito óbvios e mal escritos, acho que eu entregaria boas obras — Isso são apenas vozes da minha cabeça. E com esse pensamento tive tantos pensamentos, tantos enredos traçados em um espaço de dias. Foi bom voltar a me imaginar como escritora, como eu fazia quando era criança.
Você leria um romance dessa leitora apaixonada por romances instigantes e bregas?
Enquanto meu romance não é lançado, fica para uma próxima charla!
Vícios da semana
Se eu disse outra coisa além de Cowboy Carter aqui, vocês poderiam desconfiar que fui abduzida e modificada. Desde a meia-noite do dia 29 de março, sexta-feira santa, meu Spotify tem tocado essa obra prima de Beyoncé. A quem não se identifique com o gênero, mas se negar a experiência que é esse álbum é uma pataquada.
Beyoncé mais uma vez se provou artista, com uma produção e lírica impecáveis, com tantas referências que você precisa estudar para entender. Sinceramente, bom demais gostar de artistas excelentes.
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