Para mi gente latina! Nascer desse lado do globo é bom demais
Recomendações de 5 artistas super latinos e talentosos para a gente parar de lamber estadunidense.
Oi, meu querido grupo de fofoquinhas! Desde já, me perdoem por estar publicando quase em fevereiro. Prometo melhorar, mas janeiro foi intenso.
Eu tinha tanta coisa para falar por aqui, e em maioria eram reclamações e assuntos densos. Afinal, sou brasileira, sempre temos algo para falar ou para nos desesperar. Mas pensei, para quê?
O poder de fala nesse site está em minhas mões e posso escolher falar de coisas leves. E é isso que irei fazer nessa edição! Pega sua cadeira de plástico e vamos sentar na calçada.
Ser latina nesse começo de ano tem oferecido refrescos e mais refrescos. Fernanda Torres, Golden Globe winner, álbum do Bad Bunny, Cuba e Bolívia entrando para o Brics, só coisa boa acontecendo em nosso continente. No entanto, como é de se esperar, nem tudo são flores, e as movimentações sociopolíticas têm sido intensas e aterrorizantes (para dizer o mínimo).
E para espantar esse espírito de derrota zombeteiro que nos aflige nada melhor do que exaltar nosso espírito latino. Afinal, apenas o sul do mundo tem sempre um jeitinho para tudo e não abaixa cabeça para desaforos.
Muito inspirada pelo Bad Bunny e sua exaltação por seu país, recuperei minha lista de latinidades e achei que seria um gesto especial para compartilhar com vocês.
Particularmente, ouvir músicas que fogem da bolha do showbiz me dão a sensação de estar descobrindo o paraíso. E quero dar o mesmo a vocês ou talvez te lembrar de artistas que te deram essa sensação.
PS.: Meu repertório foi todo formado por minhas aulas do C.E.L, pelo Colors Show e Tiny Desks.
1 - Calle 13
Para abrir a lista de recomendados temos os maiorais de Porto Rico (PR tem muitas joias). O trio Calle 13 está em atividade desde 2003, trazendo letras muito latinas e cheias de revindicações e protestos.
A primeira música que ouvi deles foi Muerte en Hawaii, ela é uma love song com um toque político muito inteligente. E essa é uma das características muito presentes em toda discografia deles, mesmo com um instrumental animado e dançante, a letra está sempre te contando algo importante. Residente, o vocalista do grupo, tem uma caneta pesadíssima que toca na ferida de verdade.
Inclusive, acompanhar a carreira solo dele seria minha recomendação 1.2. Esse artista vai te fazer pensar em coisas que você nem sequer tinha questionado ou, pelo menos, não pelo ângulo que ele te apresenta.
¡Gracias, maestra Nátila, por presentarme a ellos!
Minhas músicas favoritas são El Aguante, La Vuelta Al Mundo e Baile de Los Pobres. Juro que elas vão te fazer se sentir muito latines.
2 - Lido Pimienta
Eu guardo a Lido no meu potinho de coisas especiais. Para mim, ela traz músicas quase folclóricas para o dia atual. E apesar de ter nascido no Canadá, a própria artista, com raízes indígenas e negra, diz que não se sente pertencente ao país. Com isso ela reivindica esse folk latino tão pouco lembrado.
Em seu álbum Miss Colombia somos transportados por uma trajetória de reconhecimento de ancestralidade e do ser mulher. Isso para mim fica muito claro na faixa Quiero Que Me Salves, aonde ela encontra essa essência poderosa, assim como se livra das amarras do passado.
Outra que me mostra muito esse encontro com a sua força é Eso Que Tu Haces, onde ela reconhece o que ela merece receber como amor e afeto. Além de mostrar sua força como mulher, muito presente em Nada também.
Vejo Lido como uma poeta, na verdade, quase como uma griot. Em suas canções há uma perpetuação das tradições, desde os instrumentais com esse toque folclórico, até mesmo na escolha de colaborações.
Por enquanto, só temos esse álbum, mas já estou na janela esperando o próximo.
3 - YENDRY
Uma representação mais pop na lista é a Yendry, mas não espere um som como todos os outros. Apesar de ter apenas singles em sua discografia, a cantora tem uma voz muito madura e uma caneta muito certeira.
A dominicana-italiana começou sua carreira no X-Factor Italia, e entre os anos 2015 e 2018 ela fes parte de um grupo chamado Materianera. Nesse grupo, a maioria de suas composições eram em inglês, mas em 2020, ela lançou as grandíssimas Nena e Barrio.
Nessas músicas, sinto que ela se conecta com seu lado latino com mais força na música. As músicas ganham muito mais personalidade e corpo. É a trilha perfeita para ir passear na cidade o dia inteiro, como uma grande mulher gostosa.
4 - CA7RIEL & Paco Amoroso
Esses são um dos poucos argentinos que nós gostamos (é apenas brincadeirinha, viu hermanos). CA7RIEL e Paco Amoroso ganharam muito destaque com sua apresentação no Tiny Desk, que foi como os conheci e acredito que grande parte dos brasileiros. Que bela descoberta!
Se você quer uma música autêntica e diferente de tudo que você já ouviu para incluir na sua playlist, eles são os caras para você. Meus queridos, o que esses dois entregam não é brincadeira!
Eles são o retrato de uma música experimental bem feita e marcante, além de serem muito artistas e entregarem versatilidade. Algo muito notável na versão live do álbum Baño María no Tiny Desk que mescla muito do eletrônico com toques de jazz. Assim como podemos ver no passeio entre diversos genêros ao longo do trabalho deles, do house ao funk (sim, é isso mesmo).
Seja por suas personalidades completamente irreverentes ou pelo inegável talento, esses dois merecem muito a atenção que ganharam desde esse pequeno teaser que vimos no Tiny Desk.
5 - LATIN MAFIA
Para fechar a lista, minha mais recente descoberta, a banda que faz músicas românticas com um toque R&B e indie lá no México. Tudo que eu amo!
O trio é formado pelos irmãos de la Rosa, e eles mesmo dizem que a união deles tem uma forte influência na arte que criam. Com um olhar muito sensível, suas letras retratam sentimentos que todos temos, seja amor ou estar desiludido, muito presente em Siento que merezco más. Ou até mesmo, os mais profundos e solitários sentimentos como a ansiedade e a depressão, como em vivo si me exiges.
E tudo isso é combinado a instrumentais que une o sintético com o clássico que conhecemos. Posso chamá-los que The Teskey Brothers com um toque moderno e experimental. Eles, com certeza, entraram na minha playlist para ficar.
Menções honrosas:
Vícios do mês
Eu demorei para ceder a esse grande sucesso, mas quando me rendi, fiquei de 4 por Fleabag. Mudou tudo em minha vida, foi uma excelente maneira de começar o ano.
Essa série é de um humor tão inteligente, com o toque de acidez e auto depreciação na medida. Nela acompanhamos uma personagem numa fase perdida da sua vida, vivendo um luto intenso pela perda da sua rede de apoio, mas sem ter coragem de admitir isso.
Acompanhar essa trajetória é uma experiência imersiva onde você se conecta com a Fleabag, ao mesmo tempo, que questiona como alguém pode tomar tais decisões. Gosto da maneira como abordam os seus escapes usando apenas seu corpo como uma “moeda de troca” para se sentir bem consigo. Assim como amo a construção da relação de irmãs, que acontece de uma maneira muito humana e sensível, te fazendo rir quase o tempo todo.
E uma coisa que amo / odeio é que a série é curta, muito curta, só com 6 episódios por temporada e apenas duas temporadas. Mas apesar de ser curta, não é uma série que te deixa com a sensação de coisas inacabadas. Fleabag completa o ciclo com uma construção de personagem muito contundente com um arco incrível.
Eu amei, queria apagar minha memória só para assistir de novo.
E como começaram o ano por aí?