Quando a gente chega lá? Onde é esse lá?
Entrando mais na vida a adulta, essas são perguntas que tem rondado muito minha mente
Olá, meus queridos correspondentes!
Já é carnaval, o ano está oficialmente começando e muitas coisas estão rolando por aqui…
Não sei se contei para vocês, mas esse ano faço 25 anos e realizei um dos meus maiores sonhos há alguns dias atrás. Se você me segue no TikTok, provavelmente já sabe do que estou falando.
Eu dei um apartamento para minha mãe, and I know, isso é uma conquista enorme. E vocês não tem ideia do quanto eu estou feliz. Conquistei isso aos 24 anos, sem nenhum paitrocínio ou qualquer outro privilégio. Isso é, de fato, uma coisa que me orgulho muito.
Como contei no vídeo do meu TikTok, achei uma atividade que fiz durante meu curso de Jovem Aprendiz, eu tinha apenas 18 aninhos, caloura feliz com meu salário de 400 golpinhos e uma vaga na faculdade de jornalismo. Ah, a juventude e a vontade de fazer e acontecer. Nessa atividade, escrevi que queria trabalhar no que estava me formando, check. Queria mudar de cidade, estamos trabalhando nisso. E, por fim, queria dar uma casa para minha mãe. Podemos dar um check nesse.
Eu sei que compartilho desse sonho com milhares de pessoas que se parecem comigo, que nasceram em lugares parecidos com meu país Grajaú, ou que viram suas mães ralando para caramba para manter uma casa e seus filhos. Eu sei! Todo mundo quer chegar nesse lugar.
Diferente de alguns amigos pretos e periféricos, que já ouvi, o lugar de onde eu vim, ou como eu sou, nunca me impediu de sonhar muito grande. Eu sou uma grande sonhadora e planejadora. Taurina, né? Sempre soube muito bem tudo o que queria fazer, os lugares e pessoas que eu queria acessar. E — quase — sei tudo que tenho que fazer para chegar aonde eu quero.
Quando jovenzinha eu ficava vendo as pessoas que eu seguia e me inspirava realizando todos esses sonhos de uma carreira de sucesso, de deixar a mãe bem, de viver uma outra realidade da que eu cresci. E ficava me perguntando, quando vai ser minha vez?
Agora tendo realizado esses dois grandes sonhos, estando na trilha de uma carreira que sonhei, trabalhando com algo que tenho paixão. Começando a dar uma vida melhor para minha mãe. Tudo o que consigo sentir é alívio, óbvio que estou feliz, mas o meu alívio se sobressai, porque eu não falhei.
E cada vez mais, sinto que isso é um sentimento coletivo. É, sim, muito legal, conquistar coisas que você planejou há anos atrás. Mas o que sinto mesmo é a necessidade de achar um novo objetivo para alcançar. O que mais posso fazer para provar que eu posso e que sou capaz? Ao mesmo tempo que isso me mantém ambiciosa, o que é algo bom. Eu, também, nunca estou satisfeita e estou sempre me cobrando para mais.
O “lá” foi inventado para nos prender numa roda de rato?
Tem um vídeo da Conceição Evaristo que ela nos provoca a pensar nesse objetivo que grande parte das pessoas menos privilegiadas tem. Ela diz:
“É um discurso que diz: ‘ah, mas se você estudar, se você trabalhar e coisa e tal, você consegue, você chega lá’ e eu sempre me pergunto que lá é esse? Por que alguns tem que ralar, trabalhar tanto para chegar nesse lá e outro já nascem nele?”
O famoso “chegar lá”. Mas o que diabos é esse lá e onde ele fica? Por que eu cheguei no meu tão almejado lá e ainda não me sinto preenchida e realizada?
No começo desse ano, eu consegui uma promoção que ralei muito para alcançar. E quando minha chefe me contou eu literalmente disse: “Que legal :)”. Mesmo quando eu tava me sentindo muito orgulhosa de mim por conseguir, eu também fiquei pensando “caraca, agora que faço para chegar na próxima promoção e provar que mereço?”, faziam 5 minutos que havia sido promovida. 5 MINUTOS.
E lá estava eu, pensando “e agora, o que mais?”. Eu não saí pelo escritório contando da minha promoção, contaram por mim. Nem comemorei como achei que faria. Nada. Nem um jantar fora com meu maior fã, aka, meu namorado. Nem uma garrafa do meu vinho favorito. Nadicas.
Agora com a chave do apartamento, eu só consigo pensar que talvez eu tivesse que estar em outro nível, talvez agora eu deveria morar sozinha, mudar de cidade, ou, finalmente, de país. O que vamos fazer para avançar na carreira. Vou sair de férias, e se virem que não sou tão valiosa? Um turbilhão de pensamentos.
E não me levem a mal, eu tô tão feliz de ter um apartamento para minha mãe, de ter um quarto meu. Porém, minha mente duela com o “ainda não é suficiente, preciso de mais”. Me pergunto, quando será o bastante? Assim como entendo que isso é uma grande estratégia do nosso sistema opressor capitalista. Sim, sempre voltamos para essa desgraça. Ainda me questiono o quanto a meritocracia nos fere.
Com isso, chego a conclusão, que sim, sempre estaremos infelizes, porque tudo nos leva a uma comparação injusta com quem, desde sempre, teve privilégios. E nós, menos afortunados, sempre estamos numa roda que nunca para de girar, tendo que chegar mais perto do nosso lá. Mas ele nunca vai ser o bastante, pois teremos uma nova coisa para conquistar para chegar na vida dos sonhos.
Tenho tentado me celebrar com mais frequência e me lembrar que tô fazendo muito por mim e pelos meus. Por isso, registrei a minha conquista no TikTok, porque mesmo quando parecer que ainda falta, posso olhar e falar: “Olha o quanto já fizemos, respira, você ainda está nos 20 something.” E assim, seguimos.
O que vocês conquistaram recentemente?
Vícios do mês
Voltei a curtir muito um conteúdo que me acompanhou em 2019 e 2020. Diva Depressão.
Quando tinha 19 anos era viciada no podcast dos meninos com a Maíra Medeiros. Morria de dar risadas, mas nunca tinha parado para ver o conteúdo solo do Fih e Edu desde o fim do podcast conjunto. Por influência de uma colega de trabalho, dei um rewind para ver o YouTube deles. Eu já usava os jargões e frases de efeito, só faltava contribuir com os centavos da minha audiência.
E mores, me mijei de rir, às vezes, no escritório, mas a gente deixa essa parte baixo. Mas não sei o porquê eles se chamam Diva Depressão, afinal, eles me tiram da minha. Amo o episódio que eles analisam Simple Life, juro, que preciosidade.
Enfim, foi isso que esteve no meu top 1 de fevereiro.
Agora que o ano começou oficialmente, volto para contar meu próximo favorito e quem sabe uma fofoca de férias ou perrengue de mudança. Stay tuned!
Textão!