Entra ano, sai ano e a crise segue a mesma…
Será que eu sou, de fato, amada ou suficiente para ser escolhida?
Olá, meu querido grupo de fofoquinhas.
Essa é uma daquelas edições super pessoal que me pego questionando se estou me expondo muito. No entanto, a escrita é a minha forma de terapia para não enlouquecer, então bora!
De longe, essa seria a pauta depois de ficar um mês e meio fora e há um mês do meu aniversário. Ainda tenho muito o que contar, aguardem. Porém, minha mente é minha MAIOR inimiga, e a mais cruel também. Tudo isso para dizer que, talvez seja a crise dos vinte, talvez seja falta de limites, mas, com certeza, é ansiedade e estou na pior, amigos e amigas.
Em fevereiro, li o melhor livro do meu ano. Sim, estou afirmando que foi o melhor, mesmo tendo outros 9 meses a frente! E o felizardo foi PS.: I hate you.
Nele somos apresentados a Maddie, uma mulher completamente traumatizada, de verdade. Rejeitada pelo pai, com uma relação quase inexistente com a mãe, criada por uma avó que não a via como uma criança, mas sim, um robô. A única pessoa que era uma constante em sua vida era seu irmão, Josh.
Como a vida não é um morango, conhecemos Maddie no funeral de seu melhor amigo e irmão, Josh. Para completar, ele deixa uma missão póstuma para ela e o melhor amigo, que era o homem pelo qual nossa protagonista era apaixonada, mas odiava no momento atual. A missão: viajar com o Dom (o melhor amigo) pelo país espalhando as cinzas do seu amado irmão.
A história se desenrola em um enredo delicioso que te faz rir, chorar, gritar, sentir ódio e amor. Tudo isso, em questão de páginas. Vale muito a pena ler, porém, eu trouxe ele para cá porque me identifico muito com a Maddie. Os nossos traumas nos conectam in whole other level. Ambas somos desequilibradas.
Nossa protagonista e o gostosão do livro ficaram na adolescência, porém, no dia seguinte, Maddie pega Dom dizendo que quer casar com a namorada, com quem estava dando um “tempo”. Doído, né? Você também o odiaria.
Perto de um dos últimos destinos da grande viagem, Dom acaba perdendo o vôo para ajudar a ex-mulher, e é aí que chega minha maior identificação com todo livro.
Mas e aí, onde queremos chegar?
Quando Maddie descobre que o Dom perdeu seu vôo para resolver problemas com a ex, depois que eles voltaram a esquentar o romance, seu primeiro pensamento é “Eu sabia que isso aconteceria”. E isso se intensifica, quando ele deixa escapar “Fui ajudar a Rose na nossa casa”.
Automaticamente, a protagonista acha que mais uma vez não está sendo escolhida pelo cara que ela amava. Isso desencadeia o maior breakdown desse livro, ela começa a culpar o irmão por morrer e deixá-la só, como todos na vida dela fizeram, começa a questionar de sua existência e odiar todos.
Com isso, Maddie afasta os melhores amigos, até porque, eles iriam querer uma amiga completamente quebrada? Se isola e começa a viver na insalubridade de pensamentos.
“Quando eu vou ser escolhida?”, “Não mereço ser amada”, “Sou tão difícil que até meu irmão me deixou”, “Seria melhor eu sair sa vida de todos e ficar sozinha” e muitas outras insalubridades que se você tem traumas com abandono, com certeza se identificou por aí.
Ultimamente, tenho passado pelo meu grande breakdown, como nossa protagonista. Os motivos são pessoais demais, então vou me ater só ao que importa aqui. De repente, quando as coisas estavam boas demais, comecei a pensar, mas eu seria escolhida entre outras opções?
A cura é solitária e a dor inevitável
Lembram quando disse que minha mente é minha MAIOR inimiga? Pois é, ela mesma criou armadilhas que estão me fazendo sentir como se tivessem dilacerando meu pobre coração.
E nossos cacos, antes de se refazerem em algo novo, nos machucam.
E nossos cacos, antes de se refazerem em algo novo, nos machucam. E muito! Depois de lidar com crises ansiosas terríveis, mandei mensagem pra minha nova psi (viver de terapia do convênio, é foda) e marquei uma sessão emergencial.
Uma coisa que vocês precisam saber antes de seguirmos é que eu odeio conflitos, brigar tira minha paz e serenidade. E também, tenho muito medo de ser vista como controladora e tóxica, em qualquer relação que eu tenha. Eu me sinto péssima quando me vejo nessa situação. Como se eu não confiasse em mim mesma.
Então, na sessão, comecei uma enxurrada de desabafos com minha psicóloga, sintetizei meus incômodos, descrevi com destreza meus sentimentos.
Quase no fim de tudo, ela me fez uma pergunta que ainda não sei como responder, mas tem triplexes alugados em minha mente: até que ponto vale manter o outro confortável e guardar seu incômodo?
Aparentemente, não vale muito a pena. Afinal, dias depois eu estava tendo uma crise de ansiedade no meio do escritório do trabalho.
No livro PS.: I Hate You, Maddie é uma workaholic ferrenha, só ela sabe fazer sua função e está sempre disponível. E uma das melhores amigas dela começa a confronta perguntando: “por que você nunca se dá um tempo?” Depois de muito pressionar, Maddie explode e responde “Se eu me fizer necessária, se eles precisarem de mim, eles não vão me deixar, quis dizer, demitir”.
Óbvio que você entendeu que isso não é sobre trabalho. Mostra, também, que ter pessoas que queiram ficar mesmo quando você tá sendo um cacto, é uma necessidade que nem sabemos que temos.
Após, duas semanas de crise de ansiedade, MUITOS desabafos com minha melhor amiga e amigo e duas sessões de terapia emergenciais, minha terapeuta voltou a me questionar: vale a pena ficar sofrendo, se machucando, para não ser vista como uma pessoa difícil?
Vale a pena ficar sofrendo, se machucando, para não ser vista como uma pessoa difícil?
Minha resposta foi imediata: Se eu pudesse lidaria com esse sofrimento sozinha, sem precisar falar de incômodo nenhum. Magicamente, curada. Essa seria minha opção.
Mas a possibilidade de falar me aterroriza, porque e se me verem como uma pessoa difícil e tóxica?
E daí? Foi que ouvi e meus pensamentos foram automáticos “Se eu for difícil, as pessoas irão embora. Até porque, o que faria eles ficarem?”
Novamente, isso é um relato muito pessoal que permeia em traumas, inseguranças e problemas de autoestima. Mas, sobretudo, se baseia no medo. E se eu não for amada? Consigo aguentar o rojão?
Numa das primeiras edições daqui do una charla más falei sobre autossabotagem nos relacionamentos e lá falei uma frase que me atingiu em cheio de novo. Você não pode amar alguém no medo de perdê-lo.
De fato, quando amamos baseado no medo, nosso ego entra e com ele a negligência com nossos próprios sentimentos. Queremos ser tão fáceis, tão agradáveis e tranquilas que escolhemos lidar com o sofrimento do nosso incômodo do que, apenas, falar. Isso traz uma vulnerabilidade tão intensa que nos faz ver as partes que não gostamos tanto assim na gente.
Essa, talvez, seja a parte indesejável que temos medo que vejam.
Só que, quem escolhe ficar e te amar, vai estar presente mesmo quando você está sendo difícil. Porque não há condições no amor que constrói, ele é feito a muitas mãos e cuidado. E talvez se a gente falasse, as pessoas que queremos que fiquem dariam para gente. Se não quiserem, acharem muito difícil melhorar ou lidar com tudo que você está sentindo, não eram para você.
Esse conselho também serve para mim.
A real é que, não temos controle na escolha do outro, é do outro. Há liberdade na chegada e na saída. Ficar é uma decisão que não cabe só a mim. Esse amor genuíno não é uma prisão, ele te dá espaço para sentir e processar. Então, sabendo disso, vale a pena sofrer sozinhos só pelo medo de perder?
Há liberdade na chegada e na saída. Ficar é uma decisão que não cabe só a mim.
A minha resposta ainda é uma massa cinzenta, mas faço o meu trabalho pessoal daqui e você vai daí. Que tal?
Vícios do mês
Fiquei pensando o que me deixou viciada esse mês, até porque, minha memória RAM tá meio ocupada sendo tóxica comigo mesma. Mas uma pessoa esteve muito presente em meu fone nesse momento. Elmiene.
Esse cantor britânico cantou muito dos meus sentimentos e foi a trilha sonora de muitos momentos que desabei. A minha música favorita do momento é Crystal Tears. Coloquei ele live aqui para vocês também se apaixonarem.
Espero vocês aqui em momentos melhores 💕