Querida Ana Luiza de 25 anos, calma…
As delícias e amarguras refletidas após completar mais uma primavera.
Oi, meu grupinho de fofoca favorito! Vocês viram que gravei um TikTok? Pois é, uma das skins que vou adotar nesse ¼ de século. Ou pelo menos tentar.
Essa pode ser uma boa trilha para esse texto:
A real é que esse texto começou no dia 09 de maio, horas antes do meu rendez-vous de comemoração aos meus 25 anos. Minha eu do passado tinha palavras bonitas para dizer a minha eu atual, porém, meu relógio tinha outros planos. E hoje já estamos no fim de maio e vocês ainda não receberam nada na caixa de e-mail.
Como vocês podem imaginar, ou sabem porque falei no TikTok, fiquei muito frustrada porque não consegui fazer minha publicação mensal. Acho que esse é o SENTIMENTO quando você chega na fase adulta, frustração.
Eu já falei em uma das primeiras edições da newsletter que os 20 não estavam sendo nada do que eu tinha planejado. Na verdade, os 20 e poucos é uma mistura de “eu consigo conquistar o mundo” com “eu não vou conseguir nada nessa vida”.
Talvez viver em uma sociedade onde tudo é performático nos dê essa sensação de incapacidade, afinal, a vida do Instagram é muito mais legal.
Esse foi o primeiro tema da minha sessão de terapia pós-aniversário. Não sei se vocês lembram, mas tenho transtorno de ansiedade. Logo, toda minha vida está planejada e quando esses planos não se tornam realidade como pensei, eu conheço a inveja e frustração. Explico…
Na minha mente, no dia 11 de maio de 2025 eu estaria vivendo minha temporada internacional de frente para a praia e com um latte na mão. Mas, meu visto foi negado e eu sou pobre para tentar novamente, logo em seguida. Em resposta a isso, minha psicologa me respondeu: “Mas você fez o possível, as circunstâncias que não foram propícias”. Só que isso não é suficiente para mim, as circunstâncias não terem agido conforme meu plano me trazem o sentimento de fracasso.
Meu maior desejo para esses 25 anos é ser medíocre, no sentido mais literal possível. E não dar tanta importância para os meus pequenos tropeços.
Ganhar ou afundar, não há meio-termo
Em seu livro Em Busca de Mim, Viola Davis foi cirúrgica ao falar da sua sede de vencer. Ela diz, no capítulo 12: “ser bem-sucedida ou afundar de vez. Não havia meio-termo. Não fazia ideia de que tinha as ferramentas para me recuperar caso falhasse. [...] Era conseguir ou fracassar. Era nadar ou afundar.”
Eu me sinto assim, na maior parte dos dias. Mas sinto que se eu me aprofundar nesse pensamento repetiremos uma edição passada da una charla más e, eu sou inovativa. Por isso, a partir desse trecho que refletir na minha vontade de ser medíocre, se é assim que podemos chamar.
Acho que nesse sentido, minha vontade de ser medíocre é nessa “desimportância” em ter que recomeçar, mesmo sendo assistida. E muitas vezes, aceitar que nem tudo que penso que vou ser excelente, vai se concretizar.
Quando relatei e pensei no meu ano perfeito durante a terapia, disse que o que eu mais queria era viver. Guardar experiências e memórias, sem pensar muito na perfeição das coisas. Só que assim como escrever, viver exige tempo, e sinto que quanto mais adulto se é, menos tempo se tem.
Para ser bem-sucedido em algumas áreas, é preciso dedicação e nesse jogo de prioridades, outras podem ser negligenciadas. Sejam elas, sua saúde mental, sua criatividade, seu trabalho, sua vida social. É impossível manter todos os pratinhos equilibrados.
Acho que por isso tenho valorizado, cada vez mais, a presença. E não num sentido só do físico. Para além. Num lugar de mandar uma mensagem aleatória falando que viu algo que te lembrou daquela sua amiga que você viu ano passado. É mandar um áudio perguntando como estão as coisas e atualizando fofocas. Ou só marcar de ir na Daiso ver as coisas porque você quer ver aquele amigo especial.
Acho que por isso tenho valorizado, cada vez mais, a presença. E não num sentido só do físico.
Nesse novo ciclo, as pequenas coisas têm me encantado cada vez mais. Uma mera lembrança no meio de uma quarta-feira qualquer, já me faz a mulher mais feliz do mundo. E levo essa graciosidade para os meus próprios objetivos.
Nas minhas terapias, a coisa que mais ouço é “Isso não tá no seu controle” e minha batalha de lidar bem com isso é o foco desse quarto de século. Estou tentando fazer as pazes com minhas tentativas e vê-las como mais do que fracassos. Zero vontade de ser coach aqui e dizer que tudo é um aprendizado, pelo amor de Deus. Mas é ter orgulho de ter a possibilidade de tentar novamente e fazer o meu possível.
E se tem uma coisa que o tarot e minha psicologa concordam é que as coisas acontecem quando devem acontecer. O único controle que eu tenho é como vou me preparar para meus sonhos.
Talvez, o sucesso esteja na possibilidade de tentar de novo, de novo e mais uma vez. Quantas vezes for necessário.
E essa é a minha meta de mediocridade.
Não vou mentir que não quero ser a melhor sempre. Mas quero reconhecer as vezes que o preço é muito mais quero do que o bem-estar que quero.
Essa necessidade de ser muito boa pode estar nessa necessidade que temos de performar sempre. Ainda mais, quando vivemos em um reality show indireto (sim, até você low profile). Sempre tem alguém que não queremos que sabem da nossa “falha”, seja por fofocas ou pelas redes, a globalização é uma merda, às vezes.
E para mim, a vergonha sempre era maior quando quem via essas quedas eram as pessoas próximas a mim, que eu admiro. Só que isso nunca foi uma preocupação para os meus, de fato.
Por isso, nesse ano novo da Analu, eu…
Mesmo estando com 25 anos a alguns muitos dias, aqui vão meus votos para mim mesma nessa fase.
Viva! Faça o melhor que você puder com o que tiver. Você já é muito grande e tem uma força que nem imagina. E o que estão com você, estarão em todas as fases que fizerem sentido.
A vida precisa ser mais do que vemos hoje, e nós vamos descobrir cada esquina e portinha intrigante que ela nos oferecer. Se a gente cair, se machucar ou falhar, tá tudo bem. Você tem para onde voltar.
Seja a companhia que você tanto almeja para você mesma. Mas também, aprenda a ser cuidada por quem te ama. Você merece mimos, memórias e afeto.
Vamos conhecer novos restaurantes, exposições, cidades, coisas, explorar a vida. Vamos sonhar mais, planejar mais e com mais clareza, mas sem se apegar a cada passinho. Vamos deixar as coisas seguirem o fluxo que elas devem. Você já é boa, a perfeição não vale tanta a pena assim.
Acredito que nossa força está na nossa leveza na hora de nos levantarmos para o próximo passo, quantas vezes for preciso.
E vocês, grupinho de fofoca, estão preparados para essa temporada?
Vícios do mês
Às vezes, acho que sou muito taurina, mesmo. Tudo isso porque eu esgoto as fontes de dopamina que tenho até enjoar.
Então quando fui pensar nesse vício percebi que eu já tinha falado deles aqui para vocês, que foi Diva Depressão. Logo, me perdoem se a indicação desse mês não será, verdadeiramente, um vício meu, mas está próximo.
Vou falar do talk show da Dia TV, Engatilhadas, que trazem convidadas e promovem debates que me deixam pensando por dias, alguns viram, até, pauta de terapia. O que mais me marcou, recentemente, foi o com a Linn da Quebrada. Pensei muito nos caminhos de afeto que eu criei e na minha fobia de ter que recomeçar na frente de todos.
Coincidentemente, é um episódio que casa muito com essa enorme texto que chegou na sua caixa. Por isso, sinto que vale você dar uma ouvida e refletir sobre os seus recomeços.
Te vejo mês que vem?
adorei estar dentro da sua cabeça por 3 minutos. até mês q vem!